Wednesday, February 3, 2010

andando pelo rio




O monte não estava consolidado, durantes algumas semanas fortes chuvadas, abalaram a sua consistência. Toneladas de terra desabaram sobre a estrada, uma artéria vital para a alimentação da cidade.
Seguiram-se semanas e depois meses, de filas e contratempos, até que o monte fosse levado para outra parte, a sua terra usada para outros fins.
A vida prosseguiu na cidade contudo, outros caminhos, mesmo velhos, serviram para continuar a alimentar a cidade de tudo o que precisa. A vida não pára.

Tinha ganho o gosto de caminhar todas as tardes – de manhã, não. Demasiado frio, o corpo não lhe pedia.
Mas passado o meio da tarde, pela hora do lanche, pegava no chapéu e lá ia, atravessava rápido as ruas até ao rio. Chegado lá, fazia 2 quilómetros pela margem na direção da nascente, aí chegado parava um pouco, olhava em redor – engraçado como o rio sempre o mesmo, nunca era igual.
Uns dias estava nevoeiro, outros dias sol, uns dias voavam pássaros ligeiros, fazendo tangentes sobre a água. Outros dias não.
Um dia, sentiu qualquer coisa na perna esquerda, quando voltava já na direção da foz, não devia ser nada, uma pequena dor, também já não era nada novo, chegamos a uma altura em que o nosso corpo só nos dá vergonhas...
Nessa noite começou a doer-lhe o peito, no dia seguinte não tinha apetite e não foi andar.

Todos os dias anda muita gente ao longo do rio, é bom - faz bem à saúde e descontrai, mas aos domingos não, aos domingos não é bom ir, demasiada gente conhecida, muito tempo perdido em cumprimentos...aos domingos não, não vale a pena.

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