Saturday, August 27, 2011
Poison d'Avril
There was a time when you could find postcards of almost anything or anyplace,
you even had the most appropriate postcard for every occasion.
There was a time when sending a postcard,
or receiving one for that matter, meant a great deal...
it wasn't so much that you believed in postcards,
that you believed in what they depicted, it was more that
you enjoyed chasing for the right one before sending,
or you appreciated the gesture and took pleasure from it when receiving one.
Sending and receiving postcards were what one was supposed to do then.
(I guess there's still people paying good money for postcards and collecting them, but it's not the same, is it ?)
Funny I found this :
http://www.nybooks.com/blogs/nyrblog/2011/aug/02/what-ever-happened-summer-postcards/
you even had the most appropriate postcard for every occasion.
There was a time when sending a postcard,
or receiving one for that matter, meant a great deal...
it wasn't so much that you believed in postcards,
that you believed in what they depicted, it was more that
you enjoyed chasing for the right one before sending,
or you appreciated the gesture and took pleasure from it when receiving one.
Sending and receiving postcards were what one was supposed to do then.
(I guess there's still people paying good money for postcards and collecting them, but it's not the same, is it ?)
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Labels:
Poison d'Avril,
postcards
Wednesday, August 24, 2011
o pregado
De que escrevo eu
Da comida, do sabor que fica.
Se seguida, dos convidados, que aparecem sem o ter sido
ou que chegaram com quase um século de atraso.
Do desejo da cavala por limão espremido.
Mais do que qualquer outro peixe escrevo do pregado.
Escrevo da abundância.
Do jejum e da razão por que os comilões a inventaram.
Do valor nutritivo das côdeas vindas da mesa dos ricos.
Da gordura e dos excrementos e do sal e da escassez.
de como o espírito se tornou amargo que nem bílis
e a barriga ficou demente,
irei eu — no meio de um monte coberto de milho-miúdo —
descrever de modo instrutivo.
Escrevo do seio
É da gravidez de Ilsebill (os desejos de pepinos em conserva)
que vou escrever enquanto esta durar.
Da última dentadinha com ela partilhada,
da hora passada com um amigo
entre fatias de pão, queijo, nozes e vinho.
(Guturalmente, conversámos de deus e do mundo
e sobre o empanturrar-se, que mais não é senão medo.)
Escrevo da fome, de como esta foi descrita
e dissiminada por escrito.
É de especiarias (quando Vasco da Gama e eu
tornámos a pimenta mais barata)
que eu, de viagem rumo a Calcutá, quero escrever.
Carne crua e cozinhada, que amolece, se desfia, atrofia e se desfaz.
As papas quotidianas,
seja o que for que já antes foi mastigado: história datada,
as chacinas de Tannenberg Wittstock Kolin,
o que resta, é disso que tomo nota:
ossos, cascas, entranhas e chouriços.
Da repugnância diante de um prato cheio,
daquilo que sabe bem,
do leite (como este coalha),
da beterraba, da couve; da vitória da batata
escreverei amanhã,
ou depois dos restos de ontem
se tornarem os de hoje petrificados
De que escrevo eu: do ovo.
Dos desgostos e da gordura que por eles se ganha,
do amor que consome, do prego e da corda,
das brigas a propósito do cabelo e da palavra a mais na sopa.
das arcas congeladoras, do que lhes sucedeu
quando a corrente deixou de passar.
De nós todos, sentados á mesa vazia após a refeição,
irei eu escrever;
e também de ti e de mim e da espinha na garganta.
in, “O Pregado”, Gunter Grass, Casa das Letras, Tradução Paulo Rêgo.
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