É extremamente curioso comparar as colunas de Vasco Pulido Valente e Catarina Portas, no Público de hoje(25 de Abril).
Observar como as suas posições à partida condicionam, a sua chegada, à visão que têm hoje daquele evento.
Muito mais perto de Catarina na origem, comungo com ela, da saudade da energia e da crença utópica que de repente tomaram conta de um povo, é claro que isto se sentia na rua, nas escolas, nas fábricas...Nos gabinetes já se ajustavam os de sempre à situação - tudo tinha que mudar, para que tudo pudesse ficar na mesma.
Dommage, tinham razão, na sua sagesse de séculos, contudo algo moveu-se e a verdade é que pode sempre tornar a mover-se...
Como contraponto lúdico, o mesmo jornal inclui ainda a visão de Miguel Esteves Cardoso - um ex-protagonista que agora, aparece como jardineiro ou ajudante de cozinha, prova de que todas as tarefas são úteis e necessárias e que vivam as Novas Oportunidades, porque as pessoas como os países estão sempre a tempo de mudar.
"Tanta inocência na infância, tanta inocência na revolução. Depois crescemos, com todas as dores consequentes. Mas a revolução, pura energia e mera felicidade, ainda está em nós."
Catarina Portas
Saturday, April 25, 2009
Friday, April 24, 2009
ESpaña
"No me prediques la paz, que le tiengo miedo. La paz es la sumisión y la mentira. Ya conoces mi divisa : primero la verdad que la paz. Antes quiero verdad en guerra que no mentira en paz...Busco la religión de la guerra, la fé en la guerra."
Miguel de Unamuno
My religión y otros ensayos breves
Esta divisa primeiro surgiu-me numa parede de Salamanca, escrita naquela pedra ocre, que faz a cidade, brilhar num esplendor dourado...Não encontro em mim a coragem de a pôr em prática e tenho dúvidas se conseguiriamos sobreviver assim.
Como canta outro poeta : "There is a war..."
Miguel de Unamuno
My religión y otros ensayos breves
Esta divisa primeiro surgiu-me numa parede de Salamanca, escrita naquela pedra ocre, que faz a cidade, brilhar num esplendor dourado...Não encontro em mim a coragem de a pôr em prática e tenho dúvidas se conseguiriamos sobreviver assim.
Como canta outro poeta : "There is a war..."
Experimenta
Felicidad en Herat
Vine aquí
como escribo estas líneas,
sin idea fija:
una mezquita azul y verde,
seis minaretes truncos,
dos o tres tumbas,
memorias de un poeta santo,
los nombres de Timur y su linaje.
Encontré al viento de los cien días.
Todas las noches las cubrió de arena,
acosó mi frente, me quemó los párpados.
La madrugada:
dispersión de pájaros
y ese rumor de agua entre piedras
que son los pasos campesinos.
(Pero el agua sabía a polvo.)
Murmullos en el llano,
apariciones
desapariciones,
ocres torbellinos
insubstanciales como mis pensamientos.
Vueltas y vueltas
en un cuarto de hotel o en las colinas:
la tierra un cementerio de camellos
y en mis cavilaciones siempre
los mismos rostros que se desmoronan.
¿El viento, el señor de las ruinas,
es mi único maestro?
Erosiones:
el menos crece más y más.
En la tumba del santo,
hondo en el árbol seco,
clavé un clavo,
no,
como los otros, contra el mal de ojo:
contra mí mismo.
(Algo dije:
palabras que se lleva el viento.)
Una tarde pactaron las alturas.
Sin cambiar de lugar
caminaron los chopos.
Sol en los azulejos
súbitas primaveras.
En el Jardín de las Señoras
subí a la cúpula turquesa.
Minaretes tatuados de signos:
la escritura cúfica, más allá de la letra,
se volvió transparente.
No tuve la visión sin imágenes,
no vi girar las formas hasta desvanecerse
en claridad inmóvil,
el ser ya sin substancia del sufí.
No bebí plenitud en el vacío
ni vi las treinta y dos señales
del Bodisatva cuerpo de diamante.
Vi un cielo azul y todos los azules,
del blanco al verde
todo el abanico de los álamos
y sobre el pino, más aire que pájaro,
el mirlo blanquinegro.
Vi al mundo reposar en sí mismo.
Vi las apariencias.
Y llame a esa media hora:
Perfección de lo Finito.
Poemas de Octavio Paz
Vine aquí
como escribo estas líneas,
sin idea fija:
una mezquita azul y verde,
seis minaretes truncos,
dos o tres tumbas,
memorias de un poeta santo,
los nombres de Timur y su linaje.
Encontré al viento de los cien días.
Todas las noches las cubrió de arena,
acosó mi frente, me quemó los párpados.
La madrugada:
dispersión de pájaros
y ese rumor de agua entre piedras
que son los pasos campesinos.
(Pero el agua sabía a polvo.)
Murmullos en el llano,
apariciones
desapariciones,
ocres torbellinos
insubstanciales como mis pensamientos.
Vueltas y vueltas
en un cuarto de hotel o en las colinas:
la tierra un cementerio de camellos
y en mis cavilaciones siempre
los mismos rostros que se desmoronan.
¿El viento, el señor de las ruinas,
es mi único maestro?
Erosiones:
el menos crece más y más.
En la tumba del santo,
hondo en el árbol seco,
clavé un clavo,
no,
como los otros, contra el mal de ojo:
contra mí mismo.
(Algo dije:
palabras que se lleva el viento.)
Una tarde pactaron las alturas.
Sin cambiar de lugar
caminaron los chopos.
Sol en los azulejos
súbitas primaveras.
En el Jardín de las Señoras
subí a la cúpula turquesa.
Minaretes tatuados de signos:
la escritura cúfica, más allá de la letra,
se volvió transparente.
No tuve la visión sin imágenes,
no vi girar las formas hasta desvanecerse
en claridad inmóvil,
el ser ya sin substancia del sufí.
No bebí plenitud en el vacío
ni vi las treinta y dos señales
del Bodisatva cuerpo de diamante.
Vi un cielo azul y todos los azules,
del blanco al verde
todo el abanico de los álamos
y sobre el pino, más aire que pájaro,
el mirlo blanquinegro.
Vi al mundo reposar en sí mismo.
Vi las apariencias.
Y llame a esa media hora:
Perfección de lo Finito.
Poemas de Octavio Paz
Thursday, April 23, 2009
Hubbub
World order
O mundo não tem ordem visível e eu só tenho a ordem da respiração”
(Clarice Lispector - Água viva)
Insurgency cannot be contained...
You have to won heart by heart, a long, arduous task.
Segue o teu destino
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.
Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.
Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.
Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
Fernando Pessoa
(Odes de Ricardo Reis)
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Fernando Pessoa,
Ricardo Reis
be on my side or be on my side
Guess rock'n'roll still has a saying on the shape of things to come...(whatever this means)
Wednesday, April 22, 2009
Neuroenhancers, anyone ?
“We live in an information society. What’s the next form of human society? The neuro-society.” In coming years, he said, scientists will understand the brain better, and we’ll have improved neuroenhancers that some people will use therapeutically, others because they are “on the borderline of needing them therapeutically,” and others purely “for competitive advantage.”
so what is this ?
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Neuroenhancers,
The Strokes
Changes
Mudamos de disposição tantas vezes num só dia, penso : - Não seremos nós também sujeitos a ritmos como as fases da Lua ou as marés dos mares ?
Ou outros ainda mais perto de nós,como a passagem das horas do dia e a intensidade da luz do Sol ou a ausência dela, as fases do ano com todas as mutações em tudo o que nos rodeia...
Tudo muda e conjura para nos mudar.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Luís Vaz de Camões
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Zbigniew Preisner
Satanás
Ontem presenciei um baptizado católico. O padre pergunta directamente ao novo fiel se ele renuncia a Satanás, dando assim ao mal um nome.
Para a igreja católica apostólica romana, o mal existe e é "personificável" em Satanás, mas a História tem-nos dado uma sucessão de nomes, a história diariamente não pára de nos dar mais...Todos nomes do mal, ou então, o Mal não precisa de nome e Satanás é apenas mais um anjo caído, como todos os outros, como todos nós.
Acredito que devemos dar a todos o direito ao seu nome, à sua escolha e a abdicarem do mal por si mesmos. Sofrendo todos as consequências das escolhas feitas.
Por que há sempre escolha.
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Rostropovich,
Shostakivtch
Tuesday, April 21, 2009
Heigh, Ho
Don't you just love YouTube ? This is a gem from the Stay Awake album, a compilation of Disney songs, get it if you can.
Friends
“People with stronger friendship networks feel like there is someone they can turn to,” said Karen A. Roberto, director of the center for gerontology at Virginia Tech. “Friendship is an undervalued resource. The consistent message of these studies is that friends make your life better.”
Silence
Silence
by D. H. Lawrence
Since I lost you I am silence-haunted,
Sounds wave their little wings
A moment, then in weariness settle
On the flood that soundless swings.
Whether the people in the street
Like pattering ripples go by,
Or whether the theatre sighs and sighs
With a loud, hoarse sigh:
Or the wind shakes a ravel of light
Over the dead-black river,
Or night’s last echoing
Makes the daybreak shiver:
I feel the silence waiting
To take them all up again
In its vast completeness, enfolding
The sound of men.
Eleições Europeias
Primeiro debate na televisão dos candidatos portugueses às eleições europeias, todos os meus piores receios se concretizaram : gente sem chama, sem ideias, sem ideia de e para a Europa.
O partido do governo, tem a ousadia de propôr um “independente”(Vital Moreira), afinal este consegue ser mais prosélito do que os filiados desde o berço(Santos Silva beware), o PCP(Ilda Figueiredo) e o BE(Miguel Portas) repetem os cabeças de cartaz, nada de novo portanto. No PSD surge Paulo Rangel, uma esperança da politica portuguesa, que pelo discurso de ontem vive as tricas diárias da mesma e para além disso mais não falou, o mesmo se passando com o candidato do CDS(Nuno Melo).
Ouvimos assim falar, das quotas de género das listas – ao que parece aldrabadas pelos maiores partidos, dos grandes investimentos nacionais, ao que parece para relançar a economia, ao que parece impróprios para tal...Do grau de execução do último pacote de ajudas comunitárias, para o representante do governo um sucesso, para a oposição unânime um escandâlo.
Falou-se ainda do Presidente da comissão europeia, um compatriota, que sim, mas que não, no fim parece que todos concordaram que quem o escolhe afinal são os governos e que esses até já garantiram o emprego ao nosso patricio por detrás das cortinas diplomáticas, enfim, menos um no desemprego...
Da Europa, do que conta realmente nestas eleições não se falou : que arquitectura para as instituições, que visão para a Europa, qual o seu papel no mundo, nada, niente, zero. A verdade é que o comprometimento do governo americano na saída da crise é quase o triplo daquele dos governos europeus, o seu grau de execução é também já muito mais avançado e os primeiros alvores de esperança começam a vir de lá.
Aqui ao que parece a espiral descendente ainda não bateu no fundo...As instituições estão programaticamente desenhadas para combater a inflação, quando é a deflação que nos bate à porta.
Temas como o ambiente, as energias alternativas, a segurança e a liberdade dos cidadãos também ficaram esquecidos.
Temos soldados nossos em missão internacional, poderemos vir a ter mais, em cenários de guerra complicados como o Afeganistão, portanto com possível derramamento de sangue, a isto também, népia, ninguém disse nada.
Depois admirem-se das pessoas não irem votar, das pessoas acharem que os politicos dizem sempre e todos a mesma coisa.
Alguém, por favor, invente-se um Obama !
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Thiago Bettencourt e Mantha
Monday, April 20, 2009
Great white whale
Still
Clyfford Still (November 30, 1904 - June 23, 1980) was an American artist, a painter, and one of the leading figures in Abstract Expressionism. Still was one of the foremost "color field" painters - his paintings are non-objective, and largely concerned with arranging a variety of colors in different formations. However, while Mark Rothko or Barnett Newman organized their colors in a relatively simple way (Rothko in the form of nebulous rectangles, Newman in thin lines on vast fields of color), Still's arrangements are less regular. His jagged flashes of color give the impression that one layer of color has been "torn" off the painting, revealing the colors underneath. Read more in the biography
Sunday, April 19, 2009
Gone but not forgotten
.
Lots of people need to leave their loved ones and go to far away places to earn their living - to all of them I dedicate this song.
Lots of people need to leave their loved ones and go to far away places to earn their living - to all of them I dedicate this song.
I wish I had a river
Can't help but post this one too...
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Joni Mitchell,
K.D.Lang,
Madeleine Peyroux
Chanteuse de rue
I love Madeleine Peyroux and think she's getting better all the time, her new album "Bare Bones" is great.
India
After reading White Tiger and watching Slumdog Millionaire one is more interested with happens to India, world greatest democracy...
They're holding a general election.
They're holding a general election.
Goya
CARTA A MEUS FILHOS SOBRE OS FUZILAMENTOS DE GOYA
Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.É possível, porque tudo é possível, que ele seja aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém de nada haver que não seja simples e natural.Um mundo em que tudo seja permitido,conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.E é possível que não seja isto, nem seja sequer istoo que vos interesse para viver. Tudo é possível,ainda quando lutemos, como devemos lutar,por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,ou mais que qualquer delas uma fiel dedicação à honra de estar vivo.Um dia sabereis que mais que a humanidade não tem conta o número dos que pensaram assim,amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,de insólito, de livre, de diferente,e foram sacrificados, torturados, espancados,e entregues hipocritamente à secular justiça,para que os liquidasse “com suma piedade e sem efusão de sangue.”Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.Às vezes, por serem de uma raça, outras por serem de uma classe, expiaram todos os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência de haver cometido. Mas também aconteceu e acontece que não foram mortos.Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,aniquilando mansamente, delicadamente,por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha há mais de um século e que por violenta e injusta ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,que tinha um coração muito grande, cheio de fúria e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.Apenas um episódio, um episódio breve,nesta cadeia de que sois um elo (ou não sereis)de ferro e de suor e sangue e algum sémen a caminho do mundo que vos sonho.Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém vale mais que uma vida ou a alegria de tê-la.É isto o que mais importa – essa alegria. Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto não é senão essa alegria que vem de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém está menos vivo ou sofre ou morre para que um só de vós resista um pouco mais à morte que é de todos e virá.Que tudo isto sabereis serenamente,sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,e sobretudo sem desapego ou indiferença,ardentemente espero. Tanto sangue,tanta dor, tanta angústia, um dia– mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga –não hão-de ser em vão. Confesso que muitas vezes, pensando no horror de tantos séculos de opressão e crueldade, hesito por momentos e uma amargura me submerge inconsolável.Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,quem ressuscita esses milhões, quem restitui não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado? Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes aquele instante que não viveram, aquele objecto que não fruíram, aquele gestode amor, que fariam “amanhã”.E, por isso, o mesmo mundo que criemos nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa que não é nossa, que nos é cedida para a guardarmos respeitosamente em memória do sangue que nos corre nas veias,da nossa carne que foi outra, do amor que outros não amaram porque lho roubaram.
1963, Jorge de Sena
From: Metamorfoses
Publisher: Edições 70, Lisboa, 1988
LETTER TO MY CHILDREN ON GOYA’S EXECUTIONS OF THE THIRD OF MAY
I don’t know, children, what world will be yours.It’s possible (everything’s possible) that it will be the world I wish for you. A simple world,in which the only difficulty will come from there being nothing that’s not simple and natural.A world in which everything will be allowed,according to your fancy, your yearning, your pleasure,your respect for others and their respect for you.It’s also possible that it won’t be this, and that this won’t even be what you want in life. Everything’s possible,even though we fight, as we must fight,on behalf of our idea of freedom and justice and – still more important – in steadfast allegiance to the honour of being alive.One day you will realize what a vast multitude,as countless as humanity, felt this way,loving others for whatever they had that was unique,unusual, free, different,and they were sacrificed, tortured, beaten and hypocritically handed over to secular justice,to be liquidated “with sovereign pity and without bloodshed”.For being loyal to a god, to a conviction,to a country, to a hope, or merely to the irrefutable hunger that gnawed them from within,they were gutted, flayed, burned, gassed,and their bodies heaped up as anonymously as they had lived,or their ashes scattered so that no memory of them remained.Sometimes, for belonging to a certain race or class, they atoned for all the wrongs they had not committed or had no awareness of having committed. But it also happened and happens that they were not killed.There have always been infinite methods for dominating,annihilating quietly, gently,through ways inscrutable, as they say of God’s ways.These executions, this heroism, this horror,was one episode, among thousands, that happened in Spain over a century ago and whose violence and injustice shocked the heart of a painter named Goya,who had a very large heart, full of rage and love. But this is nothing, children,just one event, a brief event,in this chain of which you are (or aren’t) a link of iron and sweat and blood and a bit of semen on the way to the world I dream for you.Believe me that no world, that nothing and nobody is worth more than a life or the joy of having life.It is this joy that matters most.Believe me that the dignity you’ll hear so much about is nothing but this joy that comes from being alive and knowing that no one has ever been less alive or suffered or died so that just one of you could stave off a little longer the death that belongs to all of us and will come.That you will know all of this with peace of mind,with rancour toward no one, without fear, without ambition,and above all without apathy or indifference is my ardent hope. So much blood,so much pain, so much anguish, must one day prove– even if the tedium of a happy world torments you –not to have been in vain. I confess that very often, thinking about the horror of so many centuries of oppression and cruelty, I have a moment of hesitation in which an overwhelming bitterness makes me despair.Are they or aren’t they in vain? And even if they aren’t,who will resurrect those millions, who will restore not only their lives but all that was taken from them? No Final Judgement, children, can give them that moment they did not live, that object they did not freely enjoy, that gesture of love they were going to make ‘tomorrow’.And so the same world we create urges us to treat it with care, as something that isn’t just ours but has been entrusted to us that we might respectfully watch over it in memory of the blood that flows in our veins,and of the flesh we’ve inherited, and of the love that others did not love because it was taken from them.
© Translation: 1997, Richard Zenith
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