I
Why should I tell you anything true?
Why should I tell you anything?
You're not paying me.
i don't do this for money.
Hold out your hand,
your empty hand.
I see.
if I told you what you hold
in the lines in your hand
which as I said is empty,
is full of emptiness,
you'd be annoyed. Oh surely
not, you'd say, You're far too
dismal. Too severe.
I'm doing this to help you.
What would you prefer?
You'd like me to amuse you?
Do do some jigs, or pranks?
I lack the airiness,
I lack the feathers.
That's not what I do.
What I do: I see
in darkness. I see
darkness. I see you.
Margaret Atwood, The Door, Virago Press, 2007
Friday, February 18, 2011
Lucretius’ Symmetry Argument
- My previous pre-vital nonexistence is not, and was not, bad for me.
- My previous pre-vital nonexistence is relevantly similar to my forthcoming post-mortem nonexistence—that is, just as it is true to say that my going out of existence sooner than I might have means that I will end up having done less, having experienced less, having accomplished less, etc. than I otherwise would have, so it is also true to say that my coming into existence later than I might have means that I will end up having done less, having experienced less, having accomplished less, etc. than I otherwise would have.
- Therefore, my forthcoming post-mortem nonexistence is not, and will not be, bad for me.
Ashes to dust.
Ashes to dust.
Unaware of the rushing crowd
A man sits on the floor, his back against
The tall wall
He rolls a cigarette, he does it
as one who knows
how it will burn out.
Thursday, February 17, 2011
River (Sensei)
All day we sat at the long table, eating and drinking,
light and shadow keeping their own quiet conversation on the windows.
At the end of the gravel road the river eats at its margins,
willow trees falling into the water carried all the way to the ocean
In the distance flocks of birds fly low
over the plowed fields, home for the season.
When darkness comes, it covers everything
and we go outside, stars above witnessing farewells,
at home the clocks ticking by our empty beds.
(a poem has never been work for me before...I always had this succession of words coming into my head, I would put them to paper and that was that...most of the time when I would stumble upon one of those attempts some time later, I would invariably feel ashamed, and I failed to grasp the point of writing it, but not anymore, I've found help and good help changes everything)
um terceiro tom a que chamamos aurora
MORTE DO LEITEIRO
A Cyro Novais
Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas,
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que algúem acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.
Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morador na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.
E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.
Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.
Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.
Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.
(Poema extraído de Poesia completa. 5a. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, p. 106-107.)
encontrado aqui
A Cyro Novais
Há pouco leite no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há muita sede no país,
é preciso entregá-lo cedo.
Há no país uma legenda,
que ladrão se mata com tiro.
Então o moço que é leiteiro
de madrugada com sua lata
sai correndo e distribuindo
leite bom para gente ruim.
Sua lata, suas garrafas,
e seus sapatos de borracha
vão dizendo aos homens no sono
que algúem acordou cedinho
e veio do último subúrbio
trazer o leite mais frio
e mais alvo da melhor vaca
para todos criarem força
na luta brava da cidade.
Na mão a garrafa branca
não tem tempo de dizer
as coisas que lhe atribuo
nem o moço leiteiro ignaro,
morador na Rua Namur,
empregado no entreposto,
com 21 anos de idade,
sabe lá o que seja impulso
de humana compreensão.
E já que tem pressa, o corpo
vai deixando à beira das casas
uma apenas mercadoria.
E como a porta dos fundos
também escondesse gente
que aspira ao pouco de leite
disponível em nosso tempo,
avancemos por esse beco,
peguemos o corredor,
depositemos o litro...
Sem fazer barulho, é claro,
que barulho nada resolve.
Meu leiteiro tão sutil
de passo maneiro e leve,
antes desliza que marcha.
É certo que algum rumor
sempre se faz: passo errado,
vaso de flor no caminho,
cão latindo por princípio,
ou um gato quizilento.
E há sempre um senhor que acorda,
resmunga e torna a dormir.
Mas este acordou em pânico
(ladrões infestam o bairro),
não quis saber de mais nada.
O revólver da gaveta
saltou para sua mão.
Ladrão? se pega com tiro.
Os tiros na madrugada
liquidaram meu leiteiro.
Se era noivo, se era virgem,
se era alegre, se era bom,
não sei,
é tarde para saber.
Mas o homem perdeu o sono
de todo, e foge pra rua.
Meu Deus, matei um inocente.
Bala que mata gatuno
também serve pra furtar
a vida de nosso irmão.
Quem quiser que chame médico,
polícia não bota a mão
neste filho de meu pai.
Está salva a propriedade.
A noite geral prossegue,
a manhã custa a chegar,
mas o leiteiro
estatelado, ao relento,
perdeu a pressa que tinha.
Da garrafa estilhaçada,
no ladrilho já sereno
escorre uma coisa espessa
que é leite, sangue... não sei.
Por entre objetos confusos,
mal redimidos da noite,
duas cores se procuram
suavemente se tocam,
amorosamente se enlaçam,
formando um terceiro tom
a que chamamos aurora.
(Poema extraído de Poesia completa. 5a. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973, p. 106-107.)
encontrado aqui
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Carlos Drummond de Andrade
Wednesday, February 16, 2011
One Art
One ArtThe art of losing isn't hard to master; so many things seem filled with the intent to be lost that their loss is no disaster, Lose something every day. Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent. The art of losing isn't hard to master. Then practice losing farther, losing faster: places, and names, and where it was you meant to travel. None of these will bring disaster. I lost my mother's watch. And look! my last, or next-to-last, of three beloved houses went. The art of losing isn't hard to master. I lost two cities, lovely ones. And, vaster, some realms I owned, two rivers, a continent. I miss them, but it wasn't a disaster. -- Even losing you (the joking voice, a gesture I love) I shan't have lied. It's evident the art of losing's not too hard to master though it may look like (Write it!) a disaster. Elizabeth Bishop |
Morning flowers
- Mornings are long…
That is what I was about to say, to the girl
who comes to sit in front of me on the train,
poised in her imperial white dress,
mouth like a meaty flower on her small face
- Mornings are long, dearest, but come evening flowers close all the same.
Tuesday, February 15, 2011
Falcoaria
"A falcoaria ou cetraria é a arte de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves rapaces para a caça. Em geral pode-se dizer que é uma caça de aves e pequenos quadrúpedes, praticada desde a Idade Média com falcões, açores, francelhos e outros rapaces, que têm a capacidade de perseguir uma presa no ar ou no solo até derrubá-la ou matá-la.
Os vestígios e documentos sobre a falcoaria mostram que se tratava de um desporto aristocrático, do qual participavam reis e outros membros poderosos das cortes.
O costume possui forte tradição em Portugal, onde é praticado desde a fundação da nacionalidade."
Da Wikipedia.
Monday, February 14, 2011
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