Friday, September 10, 2010
Thursday, September 9, 2010
vamos começar um clube de debate ?
Four ApostlesAlbrecht Durer1528 Oil on panel, 215 x 76 cm ( Apostles John and Peter), 214 x 76 cm (Apostle Paul and the Evangelist Mark) Munich, Alte Pinakotek |
The 'Apostles John and Peter' and the 'Apostle Paul and the Evangelist Mark'. The two paintings of four apostles was Durer’s gift to the Council of the city of Nuremberg. |
Wednesday, September 8, 2010
a verdade de uma metáfora
"Disse Amiel que uma paisagem é um estado de alma, mas a frase é uma felicidade frouxa de sonhador débil. Desde que a paisagem é paisagem, deixa de ser um estado de alma. Objectivar é criar, e ninguém diz que um poema feito é um estado de estar pensando em fazê-lo. Ver é talvez sonhar, mas se lhe chamamos ver em vez de lhe chamarmos sonhar, é que distinguimos sonhar de ver.
De resto, de que servem estas especulações de psicologia verbal? Independentemente de mim, cresce erva, chove na erva que cresce, e o sol doira a extensão da erva que cresceu ou vai crescer; erguem-se os montes de muito antigamente, e o vento passa com o mesmo modo com que Homero, ainda que não existisse, o ouviu. Mais certa era dizer que um estado da alma é uma paisagem; haveria na frase a vantagem de não conter a mentira de uma teoria, mas tão somente a verdade de uma metáfora."
in Livro do Desassossego
Depois dos grandes calores,
dos fogos devastadores
restam-nos manifestações extremas,
encostas desoladas por onde escorrem
enxurradas de lágrimas.
Tudo renasce, tudo se reconstrói
sempre algo se perde.
De resto, de que servem estas especulações de psicologia verbal? Independentemente de mim, cresce erva, chove na erva que cresce, e o sol doira a extensão da erva que cresceu ou vai crescer; erguem-se os montes de muito antigamente, e o vento passa com o mesmo modo com que Homero, ainda que não existisse, o ouviu. Mais certa era dizer que um estado da alma é uma paisagem; haveria na frase a vantagem de não conter a mentira de uma teoria, mas tão somente a verdade de uma metáfora."
in Livro do Desassossego
Depois dos grandes calores,
dos fogos devastadores
restam-nos manifestações extremas,
encostas desoladas por onde escorrem
enxurradas de lágrimas.
Tudo renasce, tudo se reconstrói
sempre algo se perde.
Labels:
Bernardo Soares,
Fernando Pessoa
Tuesday, September 7, 2010
O coração
"Assim, não sabendo crer em Deus, e não podendo crer numa soma de animais, fiquei, como
outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comummente se chama a
Decadência. A Decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o
fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia."
do Livro do Desassossego
outros da orla das gentes, naquela distância de tudo a que comummente se chama a
Decadência. A Decadência é a perda total da inconsciência; porque a inconsciência é o
fundamento da vida. O coração, se pudesse pensar, pararia."
do Livro do Desassossego
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Bernardo Soares,
Fernando Pessoa
Let Evening Come
Jane Kenyon: Let Evening Come
Let the light of late afternoon
shine through chinks in the barn, moving
up the bales as the sun moves down.
shine through chinks in the barn, moving
up the bales as the sun moves down.
Let the cricket take up chafing
as a woman takes up her needles
and her yarn. Let evening come.
as a woman takes up her needles
and her yarn. Let evening come.
Let dew collect on the hoe abandoned
in long grass. Let the stars appear
and the moon disclose her silver horn.
in long grass. Let the stars appear
and the moon disclose her silver horn.
Let the fox go back to its sandy den.
Let the wind die down. Let the shed
go black inside. Let evening come.
Let the wind die down. Let the shed
go black inside. Let evening come.
To the bottle in the ditch, to the scoop
in the oats, to air in the lung
let evening come.
in the oats, to air in the lung
let evening come.
Let it come, as it will, and don’t
be afraid. God does not leave us
comfortless, so let evening come.
be afraid. God does not leave us
comfortless, so let evening come.
Monday, September 6, 2010
O meu mal é ter uma curiosidade de puta.
"Sente-se mais generoso como escritor ou como
leitor?
Eu leio de tudo. Interesso-me por tudo.Não só por
literatura. Revistas, jornais, artigos de opinião,
História. Livros de não-ficção, gosto muito. Fico
obcecado por um assunto e vou por aí fora.
Qual é a sua obsessão actual?
Aobsessão actual é a botânica.Ainda ontem estive
a ler uma coisa sobre a relação entre os fungos
e as árvores.
Parece, em si, um interesse muito improvável.
Não é improvável, não.Tudo é interessante. Se se
vir bem, não há nada que não seja profundamente
interessante.O meu mal é ter uma curiosidade
de puta. Acho tudo fascinante. Depois, há a utilidade marginal,
que é um conceito fabuloso da
economia. É verdade que as primeiras horas em
que estás a ler uma coisa nova são as mais ricas.
É quando se aprende mais. Quando a utilidade
marginal começa a descer, ou seja, quando já não
adianta a não ser estando mais uma semana, então
abandono e começo com outra área.Não vou
até ao fim.
Não quer tornar-se um especialista.
De nada. Não. E também porque isso me convém
para escrever.Convém-me ter uma noção das coisas.
Posso precisar. "
O velho MEC de todos nós...
leitor?
Eu leio de tudo. Interesso-me por tudo.Não só por
literatura. Revistas, jornais, artigos de opinião,
História. Livros de não-ficção, gosto muito. Fico
obcecado por um assunto e vou por aí fora.
Qual é a sua obsessão actual?
Aobsessão actual é a botânica.Ainda ontem estive
a ler uma coisa sobre a relação entre os fungos
e as árvores.
Parece, em si, um interesse muito improvável.
Não é improvável, não.Tudo é interessante. Se se
vir bem, não há nada que não seja profundamente
interessante.O meu mal é ter uma curiosidade
de puta. Acho tudo fascinante. Depois, há a utilidade marginal,
que é um conceito fabuloso da
economia. É verdade que as primeiras horas em
que estás a ler uma coisa nova são as mais ricas.
É quando se aprende mais. Quando a utilidade
marginal começa a descer, ou seja, quando já não
adianta a não ser estando mais uma semana, então
abandono e começo com outra área.Não vou
até ao fim.
Não quer tornar-se um especialista.
De nada. Não. E também porque isso me convém
para escrever.Convém-me ter uma noção das coisas.
Posso precisar. "
O velho MEC de todos nós...
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Miguel Esteves Cardoso
sonho
O pensador alemão Christoph Türcke
"A vida é sonho?
Seria bonito. Mas não é assim. A vida é um conjunto de vários estados. Um deles é o sonho. Representa o subsolo da nossa vida, É a massa de fermentação de todos os nossos desejos, planos, projetos.
Ninguém aguenta a vida sem sonho. Sem sonho não há esperança, não há humanidade."
muito interessante
os tiraninhos
ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR
António de Oliveira Salazar
Três nomes em sequência regular...
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.
................................................
Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
Água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu...
......................................................
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.
Mas afinal é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.
António de Oliveira Salazar
Três nomes em sequência regular...
António é António.
Oliveira é uma árvore.
Salazar é só apelido.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.
................................................
Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
Água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.
Oh, c’os diabos!
Parece que já choveu...
......................................................
Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
E a liberdade.
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!
O meu vizinho
Está na Guiné
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé.
Mas ninguém sabe porquê.
Mas afinal é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé.
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.
Fernando Pessoa
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