Friday, August 10, 2012
Noite
A luz é só outro ruído na noite,
cúmplice o rio corre, carregando o seu silêncio
tudo o que nasce, desagua numa foz.
BARREN
1bar·ren
adj \ˈber-ən, ˈba-rən\Definition of BARREN
1
: not reproducing: as a: incapable of producing offspring —used especially of females or matings b: not yet or not recently pregnant c: habitually failing to fruit
4
: lacking interest or charm barren
5
: lacking inspiration or ideas barren
— bar·ren·lyadverb
— bar·ren·ness \-ə(n)-nəs\noun
A "Thank You" Note
There is much I owe
to those I do not love.
The relief in accepting
they are closer to another.
Joy that I am not
the wolf to their sheep.
My peace be with them
for with them I am free,
and this, love can neither give,
nor know how to take.
I don't wait for them
from window to door.
Almost as patient
as a sun dial,
I understand
what love does not understand.
I forgive
what love would never have forgiven.
Between rendezvous and letter
no eternity passes,
only a few days or weeks.
My trips with them always turn out well.
Concerts are heard.
Cathedrals are toured.
Landscapes are distinct.
And when seven rivers and mountains
come between us,
they are rivers and mountains
well known from any map.
It is thanks to them
that I live in three dimensions,
in a non-lyrical and non-rhetorical space,
with a shifting, thus real, horizon.
They don't even know
how much they carry in their empty hands.
"I don't owe them anything",
love would have said
on this open topic.
Monday, August 6, 2012
MULHERES CORRENDO, CORRENDO PELA NOITE
Mulheres correndo, correndo pela noite.
O som de mulheres correndo, lembradas, correndo
como éguas abertas, como sonoras
corredoras magnólias.
Mulheres pela noite dentro levando nas patas
grandiosos lenços brancos.
Correndo com lenços muito vivos nas patas
pela noite dentro.
Lenços vivos com suas patas abertas
como magnólias
correndo, lembradas, patas pela noite
viva. Levando, lembrando, correndo.
É o som delas batendo como estrelas
nas portas. O céu por cima, as crinas negras
batendo: é o som delas. Lembradas,
correndo. Estrelas. Eu ouço: passam, lembrando.
As grandiosas patas brancas abertas no som,
à porta, com o céu lembrando.
Crinas correndo pela noite, lenços vivos
batendo como magnólias levadas pela noite,
abertas, correndo, lembrando.
De repente, as letras. O rosto sufocado como
se fosse abril num canto da noite.
O rosto no meio das letras, sufocado a um canto,
de repente.
Mulheres correndo, de porta em porta, com lenços
sufocados, lembrando letras, levando
lenços, letras - nas patas
negras, grandiosamente abertas.
Como se fosse abril, sufocadas no meio.
Era o som delas, como se fosse abril a um canto
da noite, lembrando.
Ouço: são elas que partem. E levam
o sangue cheio de letras, as patas floridas
sobre a cabeça, correndo, pensando.
Atiram-se para a noite com o sonho terrível
de um lenço vivo.
E vão batendo com as estrelas nas portas. E sobre
a cabeça branca, as patas lembrando
pela noite dentro.
O rosto sufocado, o som abrindo, muito
lembrado. E a cabeça correndo, e eu ouço:
são elas que partem, pensando.
Então acordo de dentro e, lembrando, fico
de lado. E ouço correr, levando
grandiosos lenços contra a noite com estrelas
batendo nas patas
como magnólias pensando, abertas, correndo.
Ouço de lado: é o som. São elas, lembrando
de lado, com as patas
no meio das letras, o rosto sufocado
correndo pelas portas grandiosas, as crinas
brancas batendo. E eu ouço: é o som delas
com as patas negras, com as magnólias negras
contra a noite.
Correndo, lembrando, batendo.
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