![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhdz0aGDgZxGZoPOwaJYKgdVr7eAANmBBYk8gGa0p7AVQig3JTSbjuvVa2QRNM612qL7edmJ_R3s2I_H5RwmuClUP0-nG-QpjwI8D2lZa2Xb7RUfXEBJAfuhogjH4wzki6XNmhjbRdXfIs/s400/image_football006.jpg)
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFYbohhBWc5Q6avWAe_5813KxSJbys-q5ZX769Kle3XusPd5FnnP53b5FmsaoJgkIwFBZyspHAVcV7vKldfnatsJs1VQzQxKdDNm5aWEFsfx4t49SFA6e-JYTbeO3Z4uujOx6FhJM35FQ/s400/oyster.jpg)
Sonhava constantemente com futebol, quero dizer sonhava comigo a jogar futebol, revivia jogadas que tinha feito, refazia as que tinham saído mal. Contudo só jogava bem quando me esquecia, quando o corpo jogava por ele, sem interferência da razão.
Algum tempo depois, comecei a ser ostra. Deixava a água passar por mim, contava-lhe histórias e a água dizia : - Como podes contar histórias tu, que não sais daqui, não vês nada de novo ? e eu respondia : - Não vês água que tu vens de todas as partes e eu por ti vou-me inteirando de tudo. É que está tudo ligado.
A água respondia : - Bahhh, tretas...e continuava o seu caminho toda gaiteira.
É uma tarde de principio de Verão, bate a nortada como costuma acontecer, aqui no estuário, onde o rio é mais aberto, largo como um mar. O nosso barco, mais o seu pequeno motor, tenta passar por entre a mareta, sabemos que estamos por cima dos bancos de ostras, agora mortos e tentamos regressar a casa, a pescaria hoje não rendeu e com este vento vamos ver se o combustível nos chega para o regresso.
O meu tio Constantino passa na traineira dele e larga-nos uma corda, vamos a reboque, seguros até casa e tudo fica bem. Nessa noite dormimos ainda embalados pelo tactac do motor, a pele seca do sol e da nortada.
Gostava que as coisas fizessem sentido, gostava que o meu corpo ainda me pedisse para pontapear todas as pedras da rua, gostava de partir para o rio e encontrar sempre uma saída.
No comments:
Post a Comment