Friday, August 16, 2019
Todos os dias se aprende algo - conversa de café
É uma cidade cheia de turistas, onde os visitantes ocasionais competem com os poucos moradores e os muitos que comutam diariamente da periferia para lá trabalhar...
Nos bairros mais tradicionais, com menos centros de negócio, os moradores a maioria já muito idosos convive com os turistas ou visitantes ocasionais...
É um pequeno café, mantido pelo dono, um homem jovem e uma empregada que o apoia com a cozinha...O dono, o sr. Miguel trata todos os clientes habituais pelo nome, tenta estabelecer ligações entre eles, recebe os turistas com um sorriso, umas palavras de francês ou inglês e assim revela a verdadeira vocação da cidade : aproximar povos, criar relações entre pessoas.
Tem sido assim ao longo dos séculos e agora a cidade vibra cheia de gente, após anos de agonia, perdendo habitantes e com poucos visitantes, neste momento aproveita a crista de uma onda e a relativa pacatez do meio é atraente para quem vem de fora e procura conforto e segurança, num ambiente ainda com alguma especificidade local.
Da minha mesa ao fundo junto à cozinha, vou observando os que chegam, os que estão, os movimentos do dono, tecendo as suas teias...O senhor brasileiro com ar respeitável conversa com uma antiga habitante do bairro, trocam experiências, ela vai tentando fornecer sugestões úteis ao recém-chegado, obtém o preço do seu aluguer, sugere-lhe uma outra opção para habitar, não sabemos se interessada ou desinteressadamente, entretanto ele acaba o prato do almoço e o dono atento, logo lhe diz : " Vai um doce, Sr. Paulo ? Temos uma tarte de amêndoa muito boa e muito fresca...".
O sr. Paulo responde intrigado : "Tarte, tarte ?..."
O sr. Miguel solícito e atento esclarece : " Ah, pois para vocês doce é torta, mas aqui a estes espalmados, redondos chamamos nós, tarte !".
"Pois sim, sr. Miguel venha de lá essa tarte ".
Deliciado já, vira-se para a vizinha e diz : "Tarte, já aprendi uma coisa nova hoje...Todos os dias se aprende algo !".
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Muito interessante o que dizes aqui…
ReplyDeleteÉ tão bom que a cidade vibre com gente que vem de fora, que a cidade acolha, que a cidade aprenda.
Não é bom nem para as cidades nem para as pessoas estarem fechadas em si mesmas… mas eu entendo que mais que aprender é necessário e frutuoso partilhar.
Falar da cidade, mostrar a quem chega.
E ouvir da cidade, da sua magia, a quem parte.
Porque a cidade aprende.
Mas tal como nós deve manter única e intocável a sua essência.
Fervilhar de línguas e de gentes, mantendo o seu coração incorruptível.