Friday, August 23, 2019
Que lhe importa ?
Pina Bausch, Orphée et Eurydice
Um dia um homem de camisa vermelha cruza-se no nosso caminho
gelamos, ficamos a saber que quando realmente conta
estamos sozinhos, sempre estaremos sozinhos
frente ao que realmente conta e não haverá repetições.
O comboio do tempo ninguém o pára,
o comboio do tempo ninguém o pode parar
ficamos assim indefesos e impotentes
perante homens com nomes de flores e vagas de frio siberianas
As nossas muralhas sempre as fizemos reforçadas,
sempre as construímos da melhor pedra, largos fossos cavámos
estudámos o território, erguemos nossas defesas onde melhor nos pareceu
mas que podem muralhas contra o vento, contra o frio glacial ?
Caem as folhas secas, amarelas e quebradiças
assim nossos corações tolhidos dentro dos nossos peitos.
Fitamos a manhã e perguntamos, em vez de muralhas
em vez de fossos, não deveríamos antes ter cavado abraços ?
Nossos filhos, nossos filhos
vivem vidas independentes, está bem assim, está bem assim
é justo e como deve de ser.
O homem da camisa vermelha fita-nos e segue, nunca nos viu antes.
Que lhe importa ?
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um dia uma mulher de olhos doces cruza-se no nosso caminho
ReplyDeleteparamos, a mulher põe-se á nossa frente e não desiste de nos olhar
somos obrigados a parar, homens cínicos que fomos tantos anos
homens incrédulos desabituados de olhos doces e teimosos
um dia uma mulher de olhos doces despe-nos a camisa de forças
e invade as nossas certezas, toca suavemente o nosso peito gelado
a sua mão percorre amorosamente o corpo arrepiado e sózinho
até se deter no coração, e o transformar em mel suave
um dia uma mulher amarela enfrenta um homem de camisa vermelha
destemida desfaz as muralhas antigas feitas de papel mofado
e feita de abraços refaz os caminhos do amor
para quando um novo post
ReplyDeleteagora seria tão bom, nestes dias de guerra...