Não mais palavras
Roubam os cemitérios : levam as cruzes, os anjos protectores, as fotos dos entes queridos
Tudo reduzido ao metal mais simples, segue em trânsito para
novas utilizações,( a orgia do uso não pode parar)
Se uma parte do mundo abranda outras têm de tomar o seu
lugar, para que o ritmo nunca abrande
Em África acendem fogueiras, queimam as presas dos elefantes
mortos, a ideia é impedir que matem mais
Que matem de novo, que dizimem o que é livre, o que é belo,
o que não precisa de nós -
O fumo das fogueiras sobe aos céus, o espirito dos
elefantes mortos eleva-se nos ares e o seu tropel ouve-se. Ouve-se,
Ouve-se o tropel das manadas de elefantes mortos e os seus
gritos - os seus gritos rasgam-nos por dentro
Tudo treme e ribomba, pó, fumo e vento, um vento que tudo
leva numa voragem.
Não mais palavras, não mais palavras, palavras não mudam
nada.
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