Tuesday, May 22, 2012

Magnificat

Magnificat

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro(*) sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!
Álvaro de Campos- Contemporânea, 07/11/1933
No original do 1933 diz theatro as duas vezes.

3 comments:

  1. Estou sem palavras para descrever este blogue, o seu!

    é pura poesia, ora em forma de imagens, ora em forma de textos, ora de pinturas, de traços..

    Respira-se arte aqui.

    Vou cá vir mais vezes.

    SILENCIOSQUEFALAM.BLOGSPOT.COM

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