Naufrágio em Zanzibar
O grande barco de cruzeiro eleva-se vários pisos acima da rua,
No passeio, à minha frente caminha uma mulher de longas pernas muito brancas,
Ela entra no autocarro descoberto que lhe vai mostrar a cidade
Eu desço para o metro e mais um dia de trabalho.
Quando era pequeno gostava de coleccionar nomes de terras e bandeiras
Dizer aqueles nomes, saber nomear aquelas bandeiras
Enchia-me de prazer, dava-me vontade de conhecer o mundo
Então havia a guerra, a guerra era uma forma de conhecer o mundo
Por via do desconhecimento mais brutal, penso eu agora,
Mas na altura era uma coisa que acontecia aos rapazes como eu.
Penso nisto enquanto o comboio do metro
Serpenteia pelo caro túnel, construído debaixo do rio
Debaixo da cidade histórica,
Á superfície é dia claro e quente
Manhã de verão, Lisboa arranca para um novo dia, lento e triste
Como este tempo de cansaços e decepções.
Naufrágio em Zanzibar dizem os jornais.
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