por vezes o ar fica dentro dos pulmões.
por vezes não conseguimos desprender o ar que entrou nos nossos pulmões,
agiotas vorazes ficamos intoxicados pela volúpia da pertença, o agarrar
daquilo que não nos pertence, o ar ao ar apenas pertence.
encenamos pequenas mortes, que nada têm a ver com a morte
a Morte chega sempre pelo seu pé e anuncia-se com um arrepio gélido
imobiliza-nos a meio do gesto.
a morte liberta-nos do mundo, do agarrar e do ser agarrado.
a morte é como o ar e o mundo,
o ar é do ar, o mundo do mundo e a morte da morte.
nós somos do momento.
Wednesday, January 5, 2011
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Somos do momento.
ReplyDeleteDo momento,
no momento, se faz a morte.
O ar rareia.
O ar não chega
aos pulmões.
Porque nem o ar,
nem o (m)ar nos pertence.
Só a morte, fielmente, é nossa.
A morte é do ar,
tem o ar da morte,
o rosto do mundo.
No seu gesto gélido,
prepara a foice.
Ainda assim,
espera um momento,
o momento de que somos:
"Liberta-te!
O teu gesto derradeiro..."
E não aproveitamos
a generosidade última da morte.
O ar preso nos pulmões...
já li este poema do anónimo em algum sítio... teria sido aqui neste blog???
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