Esta rocha estava no fundo do mar e esteve lá tempo suficiente
para claramente mostrar em si as marcas disso.
Esta rocha é incapaz de se mover, não existe modo algum de ela por si ir a qualquer lado, contudo este sítio onde estamos e o fundo do mar são muito diferentes,
principalmente para mim que necessito respirar.
Tenho este amigo que vai apodrecendo, põe-lhe pensos para o esquecimento nas costas
e ele apodrece, não sei se lentamente, se rapidamente, apodrece ao ritmo dos seus átomos e
das suas moléculas, apodrece na paz do seu lar, longe dos olhos dos outros
apodrece ruidosamente, ao contrário de nós todos que o fazemos pela calada.
Lembro-me de como ele gostava de andar na moda, das coisas boas da vida,
da tia solteirona que toda a vida o mimou, lembro-me que não somos nada
perante a vontade indomável dos átomos.
Olho a rocha e penso, como somos iguais,
a pedra e eu, hoje estamos num sítio e somos uma coisa,
amanhã seremos outra, noutro sítio qualquer.
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