Saturday, June 6, 2009

Gozo poderoso

la musica es amor

I.

...it's late in the evening, but shop windows still scream with incredible bargains...dark clouds advancing everywhere, millions losing their jobs, lots of others sacrificing leisure time to hold on to theirs, like if jobs are dear lives.
We go through the streets silently, on the other side of the street a blind couple goes by, slowly feeling their way with the help of canes, each one holding on to the other.

II.

...in the middle of the Atlantic Ocean a jet plane crashes, because something that could never go wrong, did go the worst possible way...more than two hundred lives lost.
Just you think about it, things that shouldn't happen, do show up all the time.
Story of our lives.

III.

...Years ago, was I younger and went to the famous Pére Lachaise graveyard in Paris, France to contemplate the tombs of some famous deceased. Looking for some otherwordly inspiration, I guess.
But what I remember now, is the old blind men, each with a child by the hand, waiting for the coins of the passers-by. In the street the walls were full of reclined black men, just waiting, nowhere to go, nothing to do just letting time goes by...the South in Paris, the deep South.
Awhile ago I read a book about Sudanese children, running away from war, fleeing their country, how they went walking in a single line, with the more feeble, walking behind, many times losing touch with the row, staying back left alone to die or be eaten by hungry beasts.

Somehow all this connects in my mind, as I try to grasp some meaning. The future ?

Of splendor in the grass

The Poetical Works of William Wordsworth With a Memoir Por William Wordsworth:

Be now for ever taken from my sight
Though nothing can bring back the hour
Of splendor in the grass of glory in the flower
We will grieve not rather find
Strength in what remains behind
In the primal sympathy
Which having been must ever be
In the soothing thoughts that spring
Out of human suffering
In the faith that looks through death
In years that bring the philosophic mind

Peach Plum Pear

Colchas

Nasci na casa dos meus avós maternos e vivi lá até me casar. A minha avó Maria nunca saía de casa, mas naquele tempo as pessoas ainda se preocupavam umas com as outras, e ela tinha muitas visitas.
Cresci assim a ouvir conversas de mulheres, sempre fui muito sossegado e pouco aventureiro, portanto ficava por perto, brincando calado e ouvia.
Mais tarde, quando a escola me fez saír do mundo fechado do bairro onde nasci e vivia, comecei também a frequentar a casa dos meus avós paternos e o mundo aí, era ainda mais feminino.
O meu avô era pescador e vivia com as marés, portanto ou estava no rio a aproveitar a maré ou a dormir para apanhar a da noite. O meu pai tinha duas irmãs mais novas e outra já casada, mas que vivia ali mesmo ao lado, portanto eram tardes cheias de conversas de mulheres e eu mais uma vez ao lado calado a ouvir, a fazer uma pergunta de vez em quando.
A vida é uma colcha, que vai sendo tecida de geração em geração e são as mulheres que o fazem, em recato, quando se juntam e poem a conversa em dia e desfiam os momentos alegres e tristes que são o nosso caminho, a história das familias.
Sempre as ouvi falar de tudo, mas acho que guardavam sempre uma reserva, no fundo conscientes da minha presença. Quando as minhas tias mais novas casaram também, aproveitei a cumplicidade que tinhamos, para pedir alguns conselhos ou pedir pequenas ajudas, que não queria ou podia pedir aos meus pais.
Sempre tive um carinho muito grande, por uma dessas tias, talvez porque a achasse mais parecida com o meu pai e se calhar comigo, portanto fiquei muito triste quando lhe foi diagnosticada uma doença grave, que a levou em pouco tempo. Nunca quis falar comigo sobre isso e penso que na última ocasião que a vi, me mandou mesmo embora.
Acho que sei agora, que aquela doença era uma daquelas coisas, que as mulheres guardavam para falar só entre elas e da qual eu nunca poderia fazer parte.

Friday, June 5, 2009

crude stereotype

"I consider it part of my responsibility as president of the United States to fight against negative stereotypes of Islam wherever they appear. But that same principle must apply to Muslim perceptions of America. Just as Muslims do not fit a crude stereotype, America is not the crude stereotype of a self-interested empire."
PRESIDENT OBAMA, in his speech to the Muslim world.

No one, no country should be a stereotype, well in fact nobody IS - so stop behaving like there are stereotypes...there are only misguided individuals and misguided countries.
Allow time for change, amass energy for change, get involved in change.
It will happen.

Can't resist the groove

Wednesday, June 3, 2009

Como passar a vida sem grande trabalho(1)



De pequenino se torce o destino, como dizia o cantor, eh, eh...Começa-se por ser um puto vivaço, daqueles que se aproveitam de toda a gente, mas saem sempre pela porta dos bons patifes. Logo na escolinha, lancha-se dos colegas, mas tem de se ser muito engraçado e fantasiar o máximo, tipo não é de prever(nunca será possível) mas se...todos os putos caem nessa, desde que nos mantenhamos inamovíveis e não mostrarmos demasiado interesse e tenhamos fontes um bocado inverificáveis tipo ouvimos num programa do Odisseia, ou lido num livro do nosso tio.
Assim, somos sempre companhia desejada, os profs acham que ajudamos a compor o grupo, somos um factor positivo e assertivo no meio de toda aquela gentinha pequena e barulhenta, colocam-nos junto a um colega avançado e deixam-nos copiar em paz e assim tranquilamente vamos passando de ano.
Somos um zero a desporto, mas assumimos em todas as circunstâncias uma postura conhecedora, tanto que nem seria justo competirmos realmente com os colegas, num desafio mais forte,podemos sempre invocar uma qualquer maleita familiar congénita, que nos torna geneticamente predispostos para coisas mais espirituais.
Num instante já temos buço e andamos pelos cantos à procura de todo o tipo de experiências fortes, é uma época de grandes disparates e corremos o risco de perdermos muito dos créditos amealhados anteriormente, se não soubermos fingir arrependimento nas alturas certas. Umas delações supostamente arrancadas, provam o nosso colaboracionismo e o nosso grau de maturidade, com as distrações entretanto arranjadas perdemos algum balanço e os nossos pais vão ter de se esmifrar para nos aguentar numa universidade privada. Convém anuir a usar vestimentas cretinas nalgumas ocasiões anuais e continuar a beijar velhos(naquele estado já não têm género...).

Familiar places




I loved to read this

The trick, of course — and it is a hard one to master — is to think of home not as a place we go to or come from, not as something inherent in the world itself, but as a place we carry inside ourselves, a place where we welcome the unfamiliar because we know that as time passes it will become the very bedrock of our being.
VERLYN KLINKENBORG

China watching



China is like a big lab, what happens there is important to all of us...

Erros Meus

Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente

Erros meus, má Fortuna, Amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a Fortuna sobejaram,
Que para mim bastava Amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que já as frequências suas me ensinaram
A desejos deixar de ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.

De Amor não vi senão breves enganos.
Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

On top they're beautiful...




Phytoplankton -- such as this colony of chaetoceros socialis -- naturally give off fluorescent light as they dissipate excess solar energy that they cannot consume through photosynthesis. Credit: Maria Vernet, Scripps Institution of Oceanography

Single-celled phytoplankton fuel nearly all ocean ecosystems, serving as the most basic food source for marine animals from zooplankton to fish to shellfish. In fact, phytoplankton account for half of all photosynthetic activity on Earth. The health of these marine plants affects commercial fisheries, the amount of carbon dioxide the ocean can absorb, and how the ocean responds to climate change.

Tuesday, June 2, 2009

Pure energy




"When a particle and its antiparticle meet, they annihilate each other and their entire mass is converted into pure energy."

A very young God was playing with a load of matter in one hand and a load of antimatter in the other, being childish and playful He joined hands...

BIG BANG

I'm your puppet

Monday, June 1, 2009

- Não vejo, avó, não vejo...

Peço para levar a sopa à minha avó, ela está fechada no quarto há dias, escondida de nós, os netos. O meu avô, e os meus pais, tentam esconder o que já adivinhámos : a minha avó Maria, está louca, sofre de alucinações e sempre tão calma e gentil, grita agora como uma possessa, tem a energia dos prosélitos...
Não sei como, a minha mãe confia nos meus sisudos 11 anos e deixa-me continuar, também não sei como, eu tinha andado a ler sobre antipsiquiatria e confiado nas minhas leituras, ia experimentar a minha abordagem revolucionária na minha avó.
A minha avó, tinha uns olhos azuis, doces e suaves, como ela sempre tinha sido, passava a maior parte do tempo, desde que eu me recordava deitada na sua cama e durante a noite levantava-se e vinha aconchegar-nos a roupa, eu apanhava sustos enormes, porque acordava e sentia alguém a aproximar-se de mim, lentamente e imaginava a morte e passava um comboio e soava como a sua carroça que chegava para me levar...
Pousei o prato na mesa da cabeceira, beijei a minha avó e tentei conversar naturalmente, rapidamente o bijou da familia, começou a ser denunciado como a nossa eminente desgraça, calmamente e com moderação, tentei demonstrar o contrário.
Os carros eram bastante seguros, o nosso também, toda a gente começava a ter um, o meu pai era o melhor e o mais cuidadoso dos condutores...mas nada demovia a minha avó, que entretanto agarrou no crucifixo que sempre tinha junto a si.
- Olha, filho, vê como a avó sabe, vê como o sangue corre nas veias de nosso Senhor, vê filho vê o sangue de nosso Senhor...
Entretanto a minha mãe tinha chegado e empurrado-me para fora do quarto.

Muitos anos depois e com a minha doença, percebi que se fala com a pessoa, com a doença não se consegue falar...

Amazónia



Greenpeace denuncia destruição da Amazónia por grandes marcas mundiais
01.06.2009 - 12h16 PÚBLICO

"Até 2018 prevê-se que a quota brasileira de mercado mundial da indústria pecuária venha a duplicar. Actualmente, detém partes dos três gigantes pecuários do Brasil – Bertin, JBS e Marfrig -, acusados pela Greenpeace de contribuírem para a destruição de grandes áreas da floresta amazónica.

“A expansão do sector pecuário ameaça deitar por terra a meta do Governo de reduzir a desflorestação em 72 por cento até 2018”, considera a organização. Segundo o Governo de Lula da Silva, estas reduções iriam evitar a emissão de 4,8 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2).

Neste momento, o Brasil é o quarto maior agressor do clima, sendo que a maioria das suas emissões provêm do abate e queima da floresta tropical.

“Ao apoiar a destruição da Amazónia em nome da pecuária, o Governo do Presidente Lula está a desprezar os seus próprios compromissos climáticos, bem como os esforços globais para enfrentar a crise climática”, considerou Andre Muggiati, da Greenpeace Brasil.

Em Dezembro deste ano, o mundo reúne-se em Copenhaga para chegar a acordo sobre o sucessor do Protocolo de Quioto, que expira em 2012. A desflorestação tropical é responsável por cerca de 20 por cento das emissões de gases com efeito de estufa, mais do que todo o sector dos transportes. “Por isso, qualquer novo acordo deve lidar efectivamente com a desflorestação”, considera a organização."

O Brasil e o seu governo, são apenas como o surfista cavalgando a onda que somos todos nós...nós somos os consumidores finais dos produtos que saem das áreas deflorestadas, sem alterarmos os nossos padrões de consumo, bem podemos chorar lágrimas de crocodilo.
Em vez de viver com efeito estufa os nossos filhos viverão em estufas...

Mirrors



Quando eu era novo e jogava futebol, havia lá um rapaz, dos mais empenhados, nunca faltava a um treino, parecia ter tudo para ser um verdadeiro craque, mas tudo lhe saía mal quando jogava.
O treinador dizia : - Filipe, os teus pés parecem máquinas de atirar pratos...
Isto porque nunca se sabia onde os passes e os cruzamentos dele iam parar...assim é a vida, corremos pelo nosso flanco, chegamos à linha de fundo e tentamos cruzar, para que algum companheiro nosso marque golo, na realidade nunca sabemos o que acontece à bola depois de saír do nosso pé...

Sunday, May 31, 2009

Not what if, what now is better



A nice text about Ballard

"My greatest ally was the pram in the hall."
This is a very nice thought, because most of us decide our lives precisely this way : we go through all the expected motions and end up trapped by the bounds and boundaries of love...

MUNDOpequeno



"A luz e as nuvens, o espaço e as atmosferas, as pedras e as falésias, os mares, as montanhas e o fogo são referências constantes no vocabulário do pintor, sendo traduzidos em vibrantes cromatismos. Aqueles elementos são tão simbólicos como as representações de objectos, de panejamentos, de elementos minerais ou vegetais, e de figuras humanas quando as respectivas formas se desenham em espaços vazios ou emergem em paisagens polimórficas e ambíguas.

Entre a abstracção e a figuração, a expressão plástica de Eduardo Carqueijeiro enquadra-se nas áreas do onírico e do simbólico; esta vertente é particularmente objectivada nos títulos atribuídos pelo pintor aos seus quadros, nos quais parece querer sublinhar o sentido poético, e inclusivamente transcendente, dos respectivos temas e das motivações para o seu trabalho."
Emília Nadal

Gosto disto

Bettina




Muse

"Contava ela que no colégio em que andava não havia espelhos e, por isso, não fazia ideia como era. Até que um dia, tinha eu 13 anos, fiquei estarrecida quando, sentada com as minhas irmãs ao pé da minha avó, vi o grupo inteiro reflectido num espelho. Reconheci imediatamente todas, menos uma estranha rapariga com olhos de fogo, muito corada e com umas grandes tranças pretas. Nunca a tinha visto, mas fui logo atraída para ela. Em sonhos já tinha amado uma pessoa parecida com aquela. E havia qualquer coisa na expressão dela que me comoveu tanto que os meus olhos se encheram de lágrimas. E disse de mim para mim que tinha de seguir aquela criatura, prometer-lhe fidelidade e confiança. Se lhe fizer um sinal, sei que ela responde. Se me levantar, ela virá ter comigo. Nesse momento sorrimos as duas. Só nessa altura tive a certeza que, no espelho, tinha visto a minha própria imagem” (“Os filmes da nossa vida”, O Independente, 14 de Outubro de 1994; estes textos foram reeditados em livro).

Em jeito de remate certeiro, João Bénard da Costa deixa-nos a seguinte e valiosa análise: “Há quem interprete este passo como manifestação de narcisismo. Nada disso. Do que se trata é de espelhismos: fidelidade à imagem própria, como primeiro preceito corroborativo da verdade, da vida, da beleza e do amor”.

Beethoven.