Wednesday, June 23, 2010

Underground Art








virtual exhibition here, check it please

e eu menos a conhecera mais a amara...










"O pintor Paul Gauguin amou as luzes na Baía da Guanabara. O
compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela. A Baía de
Guanabara. O antropólogo Claude Lévi-Strauss detestou a Baía
de Guanabara; pareceu-lhe uma boca banguela. [...] mas será ao
mesmo tempo bela e banguela a Guanabara?"

Infância







Aqui, onde hoje está este vazio, preenchido por seixos brancos, estava a casa onde eu nasci. Este é o bairro da minha infância e juventude.
O meu pai começou a trabalhar para a fábrica na montagem do tapete rolante que se vê sobre o bairro. Ainda hoje serve para trazer a matéria prima da pedreira, nos montes, para a fábrica, cá em baixo junto ao rio.
A minha mãe, já nasceu aqui também, neste bairro, que o meu avô, seu pai, ajudou a construir. Quando era pequeno ainda não tínhamos água da rede, a água das casas vinha de um poço, a água de beber e cozinhar íamos buscá-la em bilhas de barro ao chafariz, que se pode ver na segunda foto, hoje já sem torneiras.

Tuesday, June 22, 2010

Nós ( ainda a propósito de Saramago)




O 25 de Abril podia nem ter existido e a ditadura, teria por si só evoluído para este estado de coisas em que vivemos. Assim o disse José Saramago e eu que em tempos idos poderia ter discordado, iludido por conversas de madrugadas prenhes e luminosas manhãs, agora digo sim, com efeito, o que vivemos é fruto desse Estado Novo, sua descendência directa e natural.
Os herdeiros das suas elites gozam prazenteiramente de todas as vantagens do seu estatuto, sem a carga odiosa e a má consciência do antigo regime. Somos uma democracia liberal, burguesa, actual e progressiva.
O apogeu da era industrial no Ocidente, culminando na deslocalização das fábricas para locais sempre menos regulamentados e de mão de obra, por via disso, mais desprotegida e mais barata, deu lugar à era do consumo sempre crescente. Tendo aderido desde a sua fundação à OCDE, Portugal, era sem dúvida parte integrante deste movimento, mesmo que duma forma tardia, a sua influência far-se-ia sempre sentir no país e a evolução de Espanha, aqui ao nosso lado, seria também mais um factor que precipitaria, mais tarde ou mais cedo e de qualquer maneira, a mudança de regime.
Tínhamos contudo, pelo menos uma particularidade evidente : os restos do Império, ardendo em África, em várias frentes de guerra. Esta particularidade foi decisiva para a ocorrência do 25 de Abril e para as diversas formas de que este acontecimento se foi revestindo.
O sangue de África, é uma conversa dura de ter, o sangue de África é qualquer coisa que nos transcenderá sempre e para os que não foram ou vieram de lá, como eu, quase um interdito.
As lágrimas do império - uma nação é feita do sonho de gerações, dos longes que nos inculcam no horizonte pessoal, mais ainda daqueles horizontes que fazemos nossos, em viagens de afirmação, vidas feitas de risco, de partidas, sonhos cumpridos e sonhos desfeitos. As lágrimas do império, serão sempre uma oportunidade nossa, uma diáspora mais antiga do que a diáspora europeia, mais moderna e mais fluida esta, se calhar não menos fatalista e trágica.
Entre estes destinos se decide o destino de Portugal. Ser Europa no Mundo e Mundo na Europa, soa certo e só o fazendo certo, teremos futuro.
A opção é tornarmos real, outra afirmação de Saramago, a de que Portugal será mais uma região de Espanha, entretanto renomeada Ibéria. Até pode ser que sim e mal nenhum virá daí, seria o regresso à nossa velha mãe, mas a nossa vida, a nossa deriva histórica levaram-nos mais longe e deram-nos outras maneiras de ser.

craft


ALBRECHT DÜRER
Coruja
1508

virtuosismo, pode a arte prescindir dele ? eu digo que sim.

dias contados



os meus dias estão contados...

Heart country

Let Me Think

You ask me about that country whose details now escape me,
I don't remember its geography, nothing of its history.
And should I visit it in memory,
It would be as I would a past lover,
After years, for a night, no longer restless with passion,
With no fear of regret.
I have reached that age when one visits the heart merely as a courtesy.

-- Faiz Ahmed Faiz

Monday, June 21, 2010

We must carry each other




“We must carry each other. If we don’t have this, what are we? The spirit in the body is like wine in a glass; when it spills, it seeps into air and earth and light… It’s a mistake to think it’s the small things we control and not the large, it’s the other way around! We can’t stop the small accident, the tiny detail that conspires into fate: the extra moment you run back for something forgotten, a moment that saves you from an accident – or causes one. But we can assert the largest order, the large human values daily, the only order large enough to see.”

from Anne Michael's Fugitive Pieces (p. 22)

Partizan





fim da exposição de Pedro Amaral em Vila Franca de Xira

Everything is going to be all right


How should I not be glad to contemplate
the clouds clearing beyond the dormer window
and a high tide reflected on the ceiling?
There will be dying, there will be dying,
but there is no need to go into that.
The poems flow from the hand unbidden
and the hidden source is the watchful heart.
The sun rises in spite of everything
and the far cities are beautiful and bright.
I lie here in a riot of sunlight
watching the day break and the clouds flying.
Everything is going to be all right.

~ Derek Mahon ~

(Collected Poems)